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O Retorno de Vargas Ao Poder



 Com poucas bases populares, Dutra , o PSD, e a UDN não conseguiram garantir uma coligação eleitoral consistente para a sucessão. Nesse cenário , valendo-se de seu amplo prestígio entre as classes populares, Vargas foi eleito presidente em 1950. Por meio de uma articulação entre o PTB e o PSP - sob a liderança de Adhemar de Barros , com grande expressividade em São Paulo - , o ex-ditador voltou triunfalmente ao poder , agora, legitimado pelo voto direto. Seu mandato, todavia , enfrentou grandes dificuldades  já que seu partido não era maioria no Congresso. Mesmo antes da posse , a UDN tentou impedi-lo de assumir o cargo, alegando a inexistência da maioria absoluta dos votos.Como a constituição  não exigia esse requisito, Vargas assumiu o governo em 1951. Durante toda a década de 1950 , o tema central da política nacional foi a superação do atraso econômico em relação aos países centrais. Desenvolvimento era a palavra de ordem para a solução dos graves problemas que assolavam o país. O grande dilema se referia participação do capital do estrangeiro na industrialização nacional . Por um lado, em tempos d Guerra Fria , o presidente Thruman pressionava pelo alinhamento externo com os EUA e pal maior abertura ao envio de lucros das empresas.  Por outro lado, os setores nacionalistas , que cresceram em toda a América Latina no país Segunda Guerra Mundial , defendiam a industrialização sob o controle de capitais nacionais. Getúlio , um político hábil e sem maioria parlamentar buscava , com em épocas passadas,  equilibrar-se diante das diversas pressões. Tentava , por exemplo, atrair o capital estrangeiro , que, associado ao nacional, poderia impulsionar a industrialização nos setores que exigiam tecnologia mais avançada. Os tempos, no entanto, eram outros e exigiam posicionamentos mais definidos , os quais desagradaram os  setores ligados às empresas estrangeiras. Com relação á exploração dos recursos naturais e energéticos , setor estratégico da economia, houve um duro embate social. Com a intensa campanha " O petróleo é nosso", liderada pela UNE e por sindicatos e setores militares , foi criada , em 1953, a Petrobrás. Essa foi uma grande vitória da vertente nacionalista . A empresa estatal tinha o monopólio de todas a etapas da produção petrolífera , exceto da comercialização. A nacionalização da exploração de petróleo contrariou os interesses estrangeiros, sobretudo do governo norte-americano , que , em represália , suspendeu financiamentos de projetos no Brasil.  No setor elétrico brasileiro, há muito tempo controlado por multinacionais, o confronto foi ainda maior . Em 1954 , o governo propôs o Plano Nacional de Eletrificação , mas com o grande Lobby das empresas estrangeiras  , o projeto ficou emperrado no Congresso e a Eletrobras só saiu do papel em 1961. Para complicar ainda mais as coisas para Vergas ,  a partir de 1953 , o aumento da inflação e , consequentemente , do custo de vida trouxe um novo período de instabilidade social. Sem contar com o apoio integral das elites políticas , o governo passou a dar uma orientação mais trabalhista às suas ações , estimulando a sindicalização e evitando a repressão às greves que despontavam. Getúlio nomeou João Goulart (1919-1976) , um político gaúcho ligado aos meios sindicais , para o Ministério do Trabalho. Entretanto , Jango , como também era conhecido , não agradava à UDN e aos militares anti-getulistas, que o acusavam de representar a ameaça de uma república sindicalista , nos moldes da Argentina de Péron. Nesse contexto, um grande aumento do salário mínimo , decretado pelo governo , provocou manifestações de descontentamento de militares e políticos. Acusado de articulações com os sindicatos e comunistas , Goulart foi afastado do Ministério em fevereiro de 1954 . Vargas , contudo, manteve o aumento do piso  salarial. A essa altura , grande parte da imprensa , sob a liderança do jornalista Carlos Lacerda (1914-1977) , ligado à UDN , tecia sérias críticas ao governo Vargas. A linha conservadora e anticomunista começava a se sobressair , em especial, entre a oficialidade das Forças Armadas . Acusava-se o governo de corrupção , de não conter o processo inflacionário , de conivência com comunistas e agitadores , de aproximação com o peronismo, etc. Nos bastidores, planejava-se a derrubada de Vargas.
Apesar de pressionado , Getúlio resistia no poder, até que um acontecimento ameaçou ainda mais sua posição . Em 5 de agosto de 1954 , membros da guarda pessoal de Vargas promoveram um atentado contra o jornalista Carlos Lacerda. Era o pretexto que as forças de oposição precisavam para tomar uma atitude mais drástica . O episódio  ficou conhecido como o Atentado da Rua Toneleiros . Naquele dia , Carlos Lacerda ficou ferido e o major Rubem  Vaz , da aeronáutica , perdeu a vida. O incidente provocou a indignação feral e o aumento das pressões pela renúncia de Getúlio . EM 24 de Agosto, membros das Forças Armadas apresentaram um ultimato ao presidente. Fortemente pressionado , Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração. O ato desesperado e a carta-testamento deixada pelo presidente repercutiram em toda nação , barrando o golpe arquitetado pela UDN e pelos militares. De vilão, Vargas tronou-se herói . Consagrou-se , assim, um novo mito na história brasileira. O povo voltou-se contra os opositores de Getúlio. A população saiu às ruas atacando sedes de jornais anti-getulistas e os consulados e embaixadas norte-americanas. Mais que um ato pessoal, o suicídio foi um ato político.

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