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A Reação E A Organização Dos Trabalhadores



A situação precária dos primeiros trabalhadores fabris era visível. As novas "aldeias industriais" foram descritas por observadores como ambientes onde o frio, a umidade, a imundície e a degradação moral preponderavam. Embora a miséria também se instalasse no campo, a pobreza industrial era mais concentrada e explicita. A fome e a dissolução dos laços culturais traziam a prostituição e o alcoolismo. Por causa das duras condições, era muito difícil algum trabalhador crescer economicamente participando das benesses do mundo industrializado. A pouca regulamentação dentro das fábricas beneficiava apenas os proprietários. Não havia limitação do tempo de trabalho, o que acarretava a variação da jornada entre 10 e 16 horas. Além disso, como inexistia limite de idade, o trabalho infantil, considerado mais dócil e significativamente mais barato, era utilizado em larga escala. Pelo mesmo motivo, as mulheres também cumpriam a mesma jornada que os homens, porém ganhavam muito menos que eles. Em meados do século XIX, elas ocupavam cerca de 60% dos postos da industria têxtil. O ambiente fabril era insalubre r inseguro. Acidentes de trabalho atingiam principalmente as crianças e não havia qualquer forma de proteção ou seguridade social.  Diante desse quadro e da nova experiência que o trabalho fabril representava, ex-camponeses e ex-artesãos esboçavam resistência por meio de marchas , protestos ou levantes espontâneos. Desde o seculo XVIII, várias rebeliões emergiram com sabotagens, inundação de minas e saques. Lutas contra invenções e inovações administrativas fizeram-se presente desde o período manufatureiro. Os primeiros estabelecimento industriais algodoeiros, por exemplo, foram destruídos pelos fabricantes de tecidos de lã. Nesse contexto , entre 1811 e 1812 , emergiu um movimento organizado que concentrou suas ações na destruição das maquinas. Esses revoltosos, que se espalhavam por algumas cidades industriais, assinavam suas cartas de reinvindicações com o nome do, provavelmente fictício, general Ludd. A partir daí, o termo ludismo passou a designar os movimentos contra as maquinas industriais. Embora o ódio contra as maquinas realmente existisse, as ameaças de destruição dos equipamentos eram formas de intimidação e também de se fazerem valer as mais diversas reinvindicações. Já os patrões contavam com os policiais e , inclusive, as Forças Armadas na defesa de seus interesses. Em 1813, o governo inglês esforçou 15 ludistas. Mais tarde, uma repressão violenta da cavalaria a 50 mil manifestantes, nas redondezas de Manchester, ficou conhecida como Massacre de Peterloo. Na Inglaterra, qualquer forma de organização politica operária ficou proibida até 1824.  Apesar das repressões, por volta de 1830, a organização operaria começou a tomar vulto entre os britânicos e, na segunda metade do século, espalhou-se pelos demais países europeus e pela America do Norte. Os sindicatos acabavam reunindo os trabalhadores de cada ramo da atividade econômica e cumpria uma dupla função: por um lado, serviam como uma caixa de socorro mutuo, amparando desempregados e doentes; por outro, fortaleciam a luta por melhores condições de trabalho (estabilidade no emprego, salario, higiene , segurança, etc.) . Reuniões, jornais, panfletos e manifestações publicas eram utilizados na divulgação dos idéias dos trabalhadores. A greve tornou-se  o principal instrumento de reivindicação. Para o historiador inglês Edward foi o grande ganho espiritual da Revolução Palmer Thompson, essa autoconsciência coletiva industrial. Entre 1830 e 1850, o amplo movimento politico conhecido como cartismo representou uma etapa importante na organização dos trabalhadores. Seu nome derivava da "Carta do Povo", enviada ao Parlamento com uma serie de reivindicações, entre elas o sufrágio universal masculino e o aumento da possibilidade de os trabalhadores terem representantes no Parlamento. Embora não tenha atingido todos os seus objetivos, gradativamente, a organização dos operários europeus trouxe algumas conquistas, como a regulamentação do trabalho infantil e a limitação das horas de trabalho.

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