Interligado à crise econômica desenvolveu-se um realinhamento político que pôs em risco o equilíbrio populista. Gradativamente , os dois maiores partidos conservadores (PSD e UDN) foram perdendo terreno para o PTB. Isso acabou provocando uma rearticulação ideológica , favorecida, ainda mais , pelas subdivisões existentes nesses partidos. Assim, na segunda metade da década de 1950 , surgiu a Frente Parlamentar Nacionalista (FPN) , que procurava ser a expressão dos chamados "progressistas" do PTB , do PSB e dos setores minoritários da UDN e do PSD. No campo conservador , nos primeiros meses de 1961 , foi constituída a Ação Democrática Parlamentar (ADP) , apoiada sobre a maioria do PSD , da UDN , do PSP e de outros pequenos partidos. Deslocada em termos parlamentares, a aliança PSD-PTB mantinha-se vital para as eleições executivas , principalmente as presidenciais .
No entanto , a reação conservadora e ao realinhamento ideológico do Legislativo criavam obstáculos para a constituição de uma base parlamentar governista. Por outro lado, tal situação fazia com que as pressões populares e as demandas sociais transbordassem os limites institucionais. Jânio Quadros era a expressão do realinhamento ideológico .
Eleito com 48% dos votos , desprezou o peso do Parlamento , criticando a instituição em diversas ocasiões . Nomeou um ministério de perfil conservador e procurou saídas para a crise econômica que provocaram perdas no poder aquisitivo dos salários. Com tais medidas, caminhou rapidamente para o isolamento político. Seu personalismo parecia incontrolável . Impôs proibições moralizantes ao lança-perfumes , ao uso de biquínis e às brigas de galo. Eleito por uma coligação conservadores, contrariava-a com sua política externa. Carlos Lacerda , o maior tribuno udenista e articulador de sua candidatura , vociferava contra a esquerdização do país e contra supostas tramas golpistas organizadas pelo presidente. A UDN arrependia-se de sua incursão populista.