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A ideia de mudança social no Brasil sempre esteve presente nas análises da nossa sociedade , desde o tempo do Império. Além disso, houve múltiplas revoltas contra o poder dominante , mas sempre foram aniquiladas. Os pensadores Oliveira Vianna , Sérgio Buarque de Holanda , Azevedo Amaral e Nestor Duarte foram os primeiros a analisar a questão da "modernização" no Brasil, no período de 1920 a 1940. Pode-se dizer que para todos eles, de uma forma ou de outra , havia uma ligação entre o passado colonial e a situação daquele momento. O passado colonial deveria ser eliminado para que o Brasil saísse do atraso , pois aparecia como um morto que se fazia presente sempre. Apesar disso, as preocupações giravam em torno do futuro do Brasil e as possibilidades de mudança social.  Sérgio Buarque de Holanda , em seu livro "Raízes do Brasil" (1936) , fez uma crítica às elites anacrônicas brasileiras e procurou discutir a possibilidade da promoção da modernização no contexto de uma organização social nova e numa efetiva democracia. Em vários escritos, mas principalmente em seu livro "Instituições Políticas Brasileiras " (1949), Oliveira Vianna atribuiu à estrutura do poder e da sociedade na Primeira República - que estava baseada no latifúndio e no poder local dos coronéis- a razão de nosso atraso. Para a superação dessa situação, Vianna propunha uma série de reformas e um poder central forte , que faria oposição às oligarquias locais e regionais , além de garantir a unidade e o desenvolvimento nacionais.  Azevedo Amaral, em seu livro "O Estado Autoritário E A Realidade Nacional " (1938) , defendeu enfaticamente uma industrialização brasileira que só poderia ser realizada com a presença de um Estado forte e autoritário.  Já Nestor Duarte, em seu livro " A Ordem Privada e Organização Política Nacional " (1939), destacou a visão privatista como um dos traços culturais do país. Para ele, o Estado era fraco , apesar de o governo ser forte. O que havia era o domínio privado do Estado, que sempre ficou nas mãos das grandes oligarquias. Esses quatro autores ressaltaram que, de uma forma ou de outra, nossos problemas estavam num pesadelo colonial, mas principalmente na visão de que sempre havia um empecilho para o desenvolvimento e que era necessário um Estado forte (Para Viana e Amaral) ou uma sociedade democrática (para Holanda e Duarte) que pudesse promover a modernização do país. Nas décadas posteriores , vários autores ressaltaram que, de uma forma ou de outra , nossos problemas estavam num passado colonial, mas principalmente na visão de um Estado Forte (para Vianna e Amaral) ou uma sociedade democrática (para Holanda e Duarte) que pudesse promover a modernização do país. Nas décadas posteriores , vários autores estavam preocupados com a questão das mudanças sociais no Brasil. A maioria deles também procurava demonstrar que havia uma vinculação entre o passado colonial brasileiro, principalmente a escravidão , e a situação social que se que se vivia. Apesar de todas as mudanças ocorridas , esse passado estava presente a estruturação das classes sociais e do Estado, sempre a serviço dos que detinham o poder econômico: além dos grandes proprietários a serviço dos que detinham o poder econômico : além dos grandes proprietários de terras , os industriais nacionais e estrangeiros e o setor financeiro. Entre esses autores destacamos Florestan Fernandes , um dos maiores sociólogos brasileiros. Ele foi um dos que mantiveram constante preocupação com a mudança social no Brasil. Tal preocupação foi expressa nos livros "Mudanças Sociais no Brasil" (1974) e " A Revolução Burguesa no Brasil" (1975) , entre outros. O golpe militar de 1964 levou Florestan Fernandes a procurar uma explicação sociológica para a sociedade brasileira que fosse além da visão tradicional e conciliadora, cultivada pelos intelectuais vinculados às classes dominantes . Para ele, a sociedade de classes constituída no Brasil pelo capitalismo é incompatível com o que se tem como universal em termos dos direitos humanos, pois resulta numa democracia restrita, no contexto de um Estado autoritário-burguês , no qual as mudanças só ocorrem em atenção aos interesses de uma minoria privilegiada nacional articulada com os interesses estrangeiros. E isso porque o passado escravista está presente nas relações sociais, principalmente nas de trabalho, nas quais o preconceito ainda é muito forte e as pessoas são excluídas por serem pobres, negras ou mulheres. Para Florestan não haveria a possibilidade de uma revolução no Brasil se esse passado, que envolvia o escravismo e suas consequências , não fosse abolido e a visão da política com relação de favor e arte de se manter no poder não fosse substituída por práticas políticas e relações pelo menos democráticas. Para ele, era necessária a adoção de uma democracia de base ampliada que fosse além do voto e permitisse a participação efetiva do povo nos destinos do país.  Já no fim da ditadura militar, perto de 1980, quando as greves e manifestações sociais voltavam à cena , Florestan Fernandes escreveu , em seu livro "Brasil : Em Compasso de Espera " : O protesto operário está nos tirando do pântano colonial em que o despotismo burguês nos deixou atolados , mesmo nove décadas após a proclamação da República. A história volta a ter , de novo, uma face de esperança , embora tudo ainda seja muito frágil , incerto e obscuro". O sociólogo estava atento ao que acontecia , mas não era um entusiasta , pois sabia que a capacidade dos conservadores era muito grande e a possibilidade de uma democracia no Brasil era frágil e incerta. Mesmo assim, Florestan Fernandes sempre procurou criticar as iniquidades da sociedade brasileira.

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